quinta-feira, 4 de setembro de 2008

I wanna be your dog

Nunca entendi muito bem o conceito que separa música brega de música popular. Entrevistei Waldick Soriano uma vez em minha curta carreira de jornalista. Foi debaixo da tenda de um circo armado no parque de exposições de Recife, na estrada dos Remédios, se não me engano. O sujeito era espetacular. Gente fina, repleto de frases de efeitos e um senhor mulherengo. Vestia o uniforme de caubói e portava os inseparáveis óculos escuros. Sentou numa cadeira para conversar por mais de uma hora comigo e meu editor na época. O calor era desgraçado, mas o papo rendeu uma matéria de capa para o caderno de cultura do jornal, com declarações bombásticas e piadas sem pudores. Ele iria fechar a noite de um evento no local e era um cara simples. Sabia que "Eu Não Sou Cachorro, Não" era uma canção que todos ouviam na brincadeira, mas não tinha vergonha do hit, como muita banda idiota na música nacional. Ganhava grana como podia, foi censurado durante a ditadura e, ano passado, ganhou um documentário merecido, dirigido por Patrícia Pillar. Morreu aos 75 anos. Belle tá triste hoje. ;)

* Aproveitando, perca um tempinho no livro Eu Não Sou Cachorro, Não, do historiador Paulo César de Araújo, lançado pela editora Record. Tratado sobre os "cantores bregas" dos anos do regime militar e uma espécie de redenção para alguns deles.

5 comentários:

Roberto Mello disse...

O engraçado é que esses figuras normalmente além de serem gente boa também são mais "conscientes" do toda a leva "rock" atual.
Lembro por exemplo de uma entrevista com o Odair José, que saiu na Bizz, na qual o cara deu um baile. Muito bom.
E quanto ao critério, quem sabe? Rótulos são coisas que vocês da imprensa precisam. Se fosse pra chutar, chutaria algum jornalista.

BAEA disse...

Caraio, vc me lembrou de uma matéria que fiz pra Bizz (ainda era Showbizz) sobre algum soul man que morava em Recife. Nem lembro quem era...

erikinha disse...

Eu estou solidária com Belle (é ela na foto?).
O brega ficou mais triste. :)
O Paulo César de Araújo tem umas sacadas muito legais. Esse livro e o de Roberto Carlos (o proibidão) são massa demais.

erikinha disse...

Eu estou solidária com Belle (é ela na foto?).
O brega ficou mais triste. :)
O Paulo César de Araújo tem umas sacadas muito legais. Esse livro e o de Roberto Carlos (o proibidão) são massa demais.

BAEA disse...

Ei, não é Belle na foto. Belle é uma shitzu menos cabeça e mais sapeca. Até demais, digo. Mas tudo bem.

bejo