Obama e os Ingressos

Enquanto as empresas de vendas de ingressos no Brasil pisam em cima do seu consumidor, vendendo entradas a preços absurdos (500 reais para uma pista VIP no pequeno Via Funchal, pessoal?), criando caos em pontos de vendas (Madonna, U2) e oferecendo um serviço online porco (todos), a venda de ingressos nos EUA está sendo motivo de crise no governo Barack Obama (risos).

O lance é que Bruce Springsteen começou a vender os ingressos da nova tour no começo da semana e milhares de fãs, na hora de entrar no site da Ticketmaster para comprar um assento, eram direcionados para uma página secundária da empresa, a TicketsNow. E a TicketsNow é uma companhia especializada em vender ingressos COM ÁGIO quando eles se esgotam. Ou seja, o tiozinho entra cedo da manhã para pegar dois ingressos para ir com a patroa no aniversário de 20 anos de casados, encontra lugares disponíveis, clica no botão de compra e, puff, vai bater na página dos cambistas online, bancada pela PRÓPRIA EMPRESA QUE VENDE OS INGRESSOS A PREÇOS NORMAIS.

A Ticketmaster, que há anos é acusada de vender ingressos mais caros e tinha um monopólio no negócio (lembram do Pearl Jam nos anos 90?), já estava sendo investigada pela promotoria de New Jersey e agora dificilmente terá como explicar o erro e a prática. Bruce Springsteen teria ficado transtornado com o acontecimento e postou um comunicado no site oficial, exigindo que o desvio fosse corrigido e nunca mais voltasse a se repetir.

A encrenca não acaba por aí. Os rumores apontam que a Ticketmaster pode ser comprada pela poderosa Live Nation, produtora de shows que começa a concorrer com a TM na venda de ingressos online. A Live Nation tem contrato de exclusividade com os gigantes U2 e Madonna, porém quer lucrar ainda mais sem um atravessador na hora da venda dos tickets – a grande tentativa foi com o retorno dos hipongas do Phish e a confusão foi grande. O problema é que a Ticket/Nation configuraria em monopólio e o Congresso americano poderia vetar a fusão. Bruce Springsteen já está pedindo para os fãs escreverem a seus deputados (sim, isso funciona nos EUA) para começar uma investigação ainda maior no negócio das companhias e impedir o contrato.

Tudo isso está sendo planejado tendo em vista a turnê em estádios do U2, que começa em maio na Europa e depois parte para os Estados Unidos. Em 2005, a banda teve sérios problemas com a Ticketmaster, resultando numa carta furiosa do baterista Larry Mullen Jr., defendendo os fãs e mostrando sua indignação com o despreparo da empresa para suportar a procura de ingressos ainda na pré-venda. Lembrando que, apesar da queda-livre nas vendagens de CDs, as apresentações dos artistas nunca renderam tanto, chegando a gerar uma receita de 3 bilhões de dólares em 2008.

E na República das (e dos) Bananas, consumidores passam um dia na fila, são tratados como gado, precisam acampar para conseguir pagar 3 vezes mais por um ingresso, se vêem às voltas com absurdas áreas VIPs de preços de Dubai e acham que são espertos por isso.

Nada de novo numa terra cujo Governo Federal se ajoelha diante do Imperador Ricardo Teixeira I, como bem apelidou Juca Kfouri, e abre as pernas para pseudo-ditadores sul-americanos.