quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Fim dos Tempos


A Morte da Utopia

"A política moderna é um capítulo na história da religião. Os grandes movimentos revolucionários que tanto influenciaram a história dos dois últimos séculos foram episódios da história da fé: momentos do longo processo de dissolução do cristianismo e a ascensão da moderna religião política. O mundo em que vivemos no início do novo milênio está coberto de escombros de projetos utópicos, os quais, embora estruturados em termos seculares que negavam a verdade da religião, constituíam de fato veículos para os mitos religiosos.

O comunismo e o nazismo se diziam baseados na ciência – no caso do comunismo, a pseudociência do materialismo histórico, e no nazismo, o saco de gatos do “racismo científico”. Eram pretensões fraudulentas, mas a utilização da pseudociência não teve fim com a dissolução da URSS em dezembro de 1991. Teve continuidade em teorias neoconservadoras segundo as quais o mundo avança para uma forma única de governo e sistema econômico – a democracia universal ou o livre mercado global. Apesar de ser apresentada nas roupagens da ciência social, esta crença de que a humanidade estaria no limiar de uma nova era não passa da mais recente versão de crenças apocalípticas que remontam às épocas mais antigas.

Jesus e Seus seguidores acreditavam estar vivendo no fim dos tempos, quando os males do mundo seriam extintos. A doença e a morte, a fome, a guerra e a opressão deixariam de existir após a derrota das forças do mal numa luta que abalaria o mundo. Era esta fé que inspirava os primeiros cristãos, e embora o fim dos tempos viesse a ser interpretado como uma metáfora da mudança espiritual, as visões do Apocalipse vêm rondando a vida ocidental desde essa época remota.”

John Gray - Missa Negra

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