sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Lost: Quinta Temporada


Como diria Chris Martin, "Só porque estou perdendo, não significa que estou perdido."

A obsessão pelo tempo parecia passageira. No final dos anos 90, diziam que era a proximidade com o fim do século que levantava essa urgência. Outros agora falam que o passar dos anos nos deixa mais ansiosos e, por consequência, menos conectados com o presente. São aqueles tempos que parecem borrões, cujas lembranças são como palavras mal apagadas na lousa do professor do colégio. A cultura pop parece um pouco mais interessada em violar o passar dos ponteiros e parar o mecanismo real da vida, deixar de querer viver como um enfadonho relógio suíço. Não em termos de fantasias escapistas no estilo De Volta para o Futuro (obra-prima, btw). Mas de forma mais profunda, na falta de uma palavra melhor.

Donnie Darko tratava dessa possibilidade de várias dimensões temporais. Benjamin Button tenta entender o conceito de vida dentro da limitação do tempo em qualquer que seja a via. E Lost, na quinta e nova temporada, quer brincar com teorias quânticas, relativas e teológicas – não vou tentar me aprofundar no assunto, senão o Ombudsman do blog se irrita, porque ele entende muito mais sobre isso que esse pobre mortal.

Lost inicia o novo ano com um mundo normal três anos no futuro e uma ilha pulando nas faixas temporais de passado, presente e futuro. Pela primeira vez na história da série, um mistério do ano anterior é aprofundado e não apenas esquecido como um rascunho em papel de cientista frustrado. Lost agora é radicalmente uma série de ficção científica e, ao que tudo indica, vai se dedicar às viagens no tempo até o fim de seus dias – em 2011. Os personagens agora serão náufragos não somente físicos, mas temporais. E a âncora é Desmond. Desmond e a única constante que pode salvar suas vidas: o amor eterno por Penny. Em determinado momento, Locke quase é esmagado pelo avião que transportava drogas da África (referência a seu contraponto ideológico, Mr. Eko) e por pouco não é morto pelo falecido Ethan (o primo do Tom Cruise). Vssshh... um clarão e Locke já está no presente (?), do lado do avião habitado por esqueletos, e com Richard (prefeito de Gotham City e um dos Outros) dando uma mãozinha antes de outra navegação temporal. Por sua vez, o estudioso engravatado de Jeremy Davies encontra o Desmond do passado, enfurnado na escotilha, achando que o mundo todo estava exterminado. "Você é especial", tenta explicar o físico para aquele macacão amarelo de máscara. "Você precisa encontrar minha mãe. Em Oxford." Vsshhh... mais um clarão leva o pobre coitado para outro trilho dimensional.

Engraçado tudo terminar em Oxford. Além da cidadezinha (linda) ser local de nascimento (cultural, pelo menos) do Radiohead, Tolkien, C.S. Lewis, Philip Pullman e Lewis Carroll, ela consegue ter a igreja mais antiga da Inglaterra, de onde você enxerga toda a região (conveniente para alertar ataques na Idade Média), e as cabeças mais brilhantes da atualidade. Uma universidade gigantesca e pubs com guinness de primeira. É de lá que a teoria do tempo sairá para explicar Lost. Uma cidade feita para isso. Mas espero que você não tenha perdido seu tempo lendo esse devaneio. Melhor eu voltar a ver The Office, 30 Rock e House.

Trilha do momento: "Time Is Running Out", Muse.

Nenhum comentário: