quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um pôr-do-sol barato na TV...

... Ou um pequeno resumo do que há de novo na temporada televisiva americana (já ouviu falar em torrent?)

House: O final trágico da última temporada (jogue uma pedra quem não derramou uma lágrima ali) foi o ponto alto da série, e um nível difícil de ser alcançado neste primeiro episódio do novo ano. Então, vá sem compromisso de se importar com o caso da semana (uma feminista lacaia que é internada depois de ter ilusões) e mais para entender o novo estágio do relacionamento de House com o (?) amigo Wilson, convivendo com o luto da perda. Ainda assim, varei a madrugada sem pescar um segundo com Hugh Laurie e suas grosserias.

Fringe: um arremedo de Arquivo X sem o carisma de Duchovny e Anderson. O produtor da série até admitiu que o episódio piloto é fraco em comparação com os outros. Então, vou dar mais uma chance. Sobre o que é? Err... uma agente se envolve sem querer numa rede de casos... err... paranormais e cria uma equipe com um ex-Dawnson's Creek (Joshua Jackson, o Pacey) e seu pai maluco (o meu amigo John Noble, o monarca de Minas Tirith deposto por Viggo Mortensen em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) para investigar este... err... novo mundo.

Entourage: já falei que começou sem novidade e que precisa engrenar? Pois é.

Tru Blood: paranormal se apaixona por vampiro em Nova Orleans. Sim, poderia ser horrível, mas Alan Ball (Six Feet Under) consegue passar uma mitologia dentuça bem interessante (baseado na série de livros The Southern Vampires), criando metáforas sobre racismo no sul dos EUA. Para quem não sabe, os vampiros saíram do armário e o mundo discute o papel da raça na sociedade. São temidos e fascinantes. Não podem matar e tentam usar uma bebida especial de sangue artificial. Há mercado negro de sangue vampírico. Há casos sexuais fetichistas pesados. Surpreendente, só não pode ficar muito meiga. Ponto ruim: os dentes de esquilo das criaturas.

Californication: Não leia se pretender ver ou não assistiu ao fim da temporada de estréia. Ainda aqui? Ok, o melhor personagem da TV a cabo americana, o escritor mulherengo Hank Moody (David Duchovny, perfeito), conseguiu ter a mulher de volta. Como iniciar uma temporada quando o mais legal era essa tensão sexual entre os personagens? Moody seria amansado? Sim. E não. O amor dele pela esposa é palpável e a filhinha roqueira deles ainda é parte essencial da química, mas Hank Moody é Hank Moody. Pratica sexo oral sem querer em outra garota, é preso, faz vasectomia e começa um novo livro pra salvar o melhor amigo – demitido depois de ser flagrado... Ah, não vou estragar. Ao mesmo tempo dessa sacanagem, Moody está mais romântico e menos presente. Os personagens secundários ganham mais peso, mas ele precisa ser o centro da série. A tensão do casal não parece colar até o final do segundo episódio, quando Hank é solto e precisa encarar a patroa, que solta: "Eu te amo, mas será que isso é suficiente?" Isso mesmo... Queremos nosso autor cachaceiro, fumante, junkie e viciado em sexo de volta ao controle!

Weeds: final de temporada arrebatador. Juro por Deus que Nancy é a personagem mais apaixonante da TV em mil anos. Mary-Louise Parker fica bonita mais velha, seu sorriso cínico e sempre com a boca no canudo de alguma bebida trash, é hipnotizante. A série nunca entra na melancolia. Mas o final do ano parecia ir para o lado oposto com o contador Doug, numa cena de "suicídio" pra lá de hilária. É uma série que tem personagens secundários fantásticos e inesperados. Não há ninguém bonzinho ou malzinho demais aqui. Não há a palavra desespero no dicionário desse universo. Mortes e ameaças são encaradas com a mesma calma. Poderia gerar uma falta de empatia, mas a mudança de cenário a cada ano não deixa isso acontecer. E o destino de Nancy, dedurada como informante para seu amante e chefe, é longe do óbvio. Isso tudo em 25 minutos de show. Emmy já tem dona.

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