sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sem você, não sou nada.

Voltando ao assunto "bandas meiguei" levantado sabiamente pelo Ombudsman do blog, hoje lembrei do Placebo porque o pessoal do Ocstwosway está liberando vários links com TODOS os lados B do trio.

Minha relação com o grupo nunca foi das mais calmas. A paixão foi fulminante quando nos conhecemos em 1996. Nunca tinha ouvido uma banda tão energética e tão melódica ao mesmo tempo. O visual não era essas coisas todas, ainda mais para quem odiava a androginia imposta pelo vocalista Brian Molko, uma espécie de Max Fivelinha (lembra?) de luxo. Mas "36 Degrees" e "Bruise Pristine" faziam qualquer um esquecer essas bobagens.

O namoro esfriou. Quando pensava que estava tudo indo para o ralo, aparece a declaração: Without You, I'm Nothing. Apesar da turbulência do relacionamento por causa de drogas, outras pessoas entrando no círculo de amizade e letras ambíguas, não tinha uma música ruim neste disco. "My Sweet Prince" dava vergonha de cantar, mas dificilmente você vai ouvir algo tão doce e melancólico no trabalho do grupo. "Every You Every Me", "You Don't Care About Us", "Pure Morning" equilibravam perfeitamente o punch com a voz Geddy Lee estranha de Molko. Quando pensava que o jogo estava ganho e a felicidade seria eterna, a depressão surgiu com tudo. Nuvens negras pairaram sobre o Placebo. O vício aumentou. As festas não tinham mais graça. O sexo ficou sem significado. É a época de Black Market Music. Entramos juntos no inferno. "Special K" no cérebro todos os dias. "Black-Eyed" e discos espalhados no chão.

Para nossa própria sobrevivência, passamos três anos sem nos falar. Em 2003, o encontro foi desconfiado. "Será que mudamos muito?". O que a banda quer dizer com Sleeping With Ghosts? Na primeira conversa, "Bulletproof Cupid", nenhuma sensação. Decepção. Mas depois de "English Summer Rain" e, principalmente, "This Picture", a paixão voltou. O destino parecia ajudar. Nos encontramos na Inglaterra em agosto de 2003. Não sei se a ansiedade tomou conta, mas o Placebo ao vivo não funcionou. Fiquei na frente do palco como um idiota. Sabia o set list de cor. Quando entrou o trio, uma brochada completa. A guitarra não funcionou como no estúdio, o punch não existiu. O coração não bateu forte. Voltei decepcionado para o Brasil. Desisti. Tentaram me conquistar depois com covers de "Where's My Mind", certamente no meu top 10 de melhores canções do universo (a original), e "20th Century Boy" (tocando com David Bowie). Mas não adiantou.

O basta foi há dois anos, com "Meds". Houve uma fagulha ao vivo no Brasil, onde a banda fez um showzão com um guitarrista extra no Credicard Hall, mas era tarde demais. Ela apelou para o saudosismo com "Once More With a Feeling", mas já conhecia tudo de cor. Agora, um novo disco está sendo preparado em Londres, com o produtor do Tool e um novo baterista. Será o bastante para aquela paixão adolescente retornar? Difícil. Algo assim só com Afghan Whigs, a maior banda da história que nunca fez sucesso. E isso aê é impossível. Que venham outras...

OS LINKS DIRETOS

Um comentário:

Roberto Mello disse...

Bem, conheci o Placebo totalmente ao acaso. Aconteceu quando ainda peruava pelas bandas da usenet (ou foi no finado audiogalaxy? Deus sabe) e vi uma banda com um nome interessante. Baixei algumas músicas e fui fisgado. Baixei todo o resto. O interessante era que era exatamente esses b-sides (os de 1996, pelo menos) que vc postou.
Ou não foi nada disso?
Achei os últimos discos muito ruins. A brochada total foi assistir os caras no AbrilProRock. O famoso "preferia ter ficado com meu amor platônico".