terça-feira, 23 de setembro de 2008

Heróis... ou não

Esse Sylar nunca me enganou

Perguntei a Zack Snyder se ele não ficou puto quando viu a série Heroes sugar tantas teorias de Watchmen. Deu para notar claramente que sua feição mudou quanto citei isso, mas ele foi elegante na resposta (uma hora você lerá em determinado veículo de imprensa de circulação nacional - e internacional rs). Bem, o conceito de Watchmen é tão seminal que não dá para ficarmos achando pêlo em ovo realmente. Alan Moore plantou uma semente e suas ramificações estão agora por todos os lugares, de O Cavaleiro das Trevas à X-Men, de Homem-Aranha à Heroes. Então, não é estranho quando autores utilizam determinados ângulos e potencializam tramas. Caso de duas séries de super-heróis que estrearam na mesma semana lá fora: Heroes, na sua terceira temporada, e No Heroics, programinha inglês no primeiro ano. Vi ambas e vamos ao que interessa:

Eram os Deuses astrounautas?
Tim Kring tinha uma missão ingrata pela frente em Heroes. Recuperar todo o terreno perdido depois de uma segunda temporada desastrosa, seja pelo passo de tartaruga do plot (Hiro no Japão feudal) seja pelos erros criativos mesmo (os irmãos latinos chatosos). Como Mike Myers uma vez me falou: o maior erro é deixar enxergarem suas moléculas de desespero no ar (nota fora do contexto: e o que fazer depois de O Guru do Amor, Mike?). E existe um pouco disso nesta estréia do terceiro ano. Querendo agradar demais, Kring trouxe (no primeiro episódio) a volta dos "Heroes" do futuro, uma nova ameaça global (com direito novamente a um símbolo estranho), mais Sylar e um monte de novos vilões.

Não tem problema nisso, mas a fórmula catalisadora sempre tem uma curva de queda. Apostar no clímax logo de cara pode ser um erro. Mas o problema não é meu. Então, o novo capítulo de Heroes é muito melhor que toda a segunda temporada. Foco certo nos personagens certos, novos heróis mostrados com calma e sem exageros e um roteiro com diferenças mitológicas significantes. A maior delas é a entrada do aspecto religioso na série. Mas tenho medo quando isso acontece. Se o assunto não for bem redigido, pode virar uma série de metáforas imbecis como Grant Morrison fez certa vez com sua Liga da Justiça (cada membro era um ícone endeusado). Quando ficção científica começa com raízes científicas e desvia para a discussão teológica, é sinal de desastre pela frente. Outro ponto negativo: ninguém morre mais nessa pinóia, não? Tá parecendo a saga da Fênix nos quadrinhos. Ah, matem logo a Maya.

Sem Heróis
As comédias inglesas são fantásticas. The Office, Coupling, Extras, Little Britain... e por aí vai. No Heroics é uma idéia tão legal, mas tão legal que não sei como não foi feita antes. A idéia é pegar um mundo habitado por super-heróis e imaginar como seria fazer parte de um grupo de amigos com poderes e uniformes pouco respeitado por seus pares. Imagine algo como Coupling com máscaras. Ou um Friends mais pesado e com heróis. Os poderes do pessoal são ridículos (enxergar 60 segundos no futuro, falar com máquinas, combustão) e cada um deles é desajustado. Há o casal separado, há o gay em depressão, a gordinha que não consegue arrumar um homem, o inseguro. Eles se encontram no único pub freqüentado por "especiais" e os diálogos mais insanos surgem. Um sai com uma groupie que só consegue fazer sexo imitando uma donzela em perigo, a outra pede para saber como será o futuro se der em cima de cada cara do bar e rola até um concurso interno entre os heróis para saber quem aparece mais na TV.

Quem lê quadrinhos, sabe que a idéia de um bar somente para esses seres não é nova. Mas nunca foi tratada da maneira certa. Nas HQs, os heróis são perfeitos e geralmente não bebem ou fumam ou transam descompromissadamente. Então, os bares viram ponto de encontro de vilões. E o pior: levam essa patetice a sério. Não há humor, a não ser em Hitman, de Garth Ennis, gibi que lembra muito No Heroics - Ennis é irlandês, vale salientar. De qualquer maneira, leia o que o escritor Warren Ellis (Authority e outros clássicos dos quadrinhos) fala da série. No seu lugar, já teria ela no HD.

Um comentário:

Roberto Mello disse...

Tudo bem, matem logo a Maya. Mas o que dizer de Mohinder, o cara mais chato e tapado de todos os tempos?
Já desisti do cabuloso Fringe, Heroes infelizmente tá entrando na lista.
Esse No Heroics tá baixando, não conhecia.
Esse The Mentalist tem futuro? Baixei o primeiro mas não assisti ainda.